Acerca de mim

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Sintra, Lisboa, Portugal
Porque me apraz e somente porque me apraz... vou rabiscando palavras no meu modesto linguajar. Palavras que oscilam entre o mel e o fel podendo roçar a minha biografia, não será a narrativa da minha individualidade e ou, do meu sentir. São apenas os meus Rabiscos de Mel e Fel.

terça-feira, 13 de outubro de 2020

Por Tempos de Pandemia, sinto-me!...

 



Sinto-me viajante de um tempo estagnado aprisionada num presente cinza sem capacidade de enxergar o futuro

Mas o futuro nunca existiu! Oh triste ilusão a minha que vivi projectando sonhos numa ilusória realidade…  

Mas nada é tão meu como os meus sonhos e por isso de sonhar sinto saudade

Sinto-me num meio termo de pavor e horror e não vivo, sobrevivo

Deambulando sem capacidade de pensar

Passo ao largo, do que e de quem, me apraz e observo a vida que de mim escapa fugaz

Por escassos períodos do dia ou nas noites que passo acordada, sinto uma centelha de fé e esperança e aguardo pacientemente a abertura das fronteiras que me barraram…as vivencias que me condicionaram… a liberdade que deixei de ter e o ar, sem mordaça, que preciso de respirar.

Nos entremeios sinto uma inocente ilusão e antevejo; um planeta cuidado, lagos cristalinos de um azul espalhado, um mar de corais multicores enfeitado, a terra abunda arvores de frutos e cereais, as armas guardadas no museu de horrores recorda tempos de outrora que mais ninguém almeja viver… antevejo um mundo que desejo

E nesta minha alienação retorno à realidade, visto a roupagem de quem enfrenta uma batalha, aceito a mudança, deixo meus sonhos voarem em asas de esperança e de pé enfrento o inimigo invisível numa guerra que sei, eu Irei ganhar! 

 © Ana Sousa Simões


quarta-feira, 24 de junho de 2020

E se não houver tempo?...





E se não houver tempo?...
Caminho nesta vida sonâmbula e resignada ou não… rasgo o silêncio com que me visto e me escondo
Neste murmúrio de impaciência avança a idade e com ela envelhecem meus sonhos e sem eles não me sei guiar
Sou ave sem gaiola de espírito livre que sem projectos não sabe voar
Não me privem de sonhar! Sonhos meus... que tantas e tantas vezes me fogem como farinha numa peneira que se prepara para se materializar
Num alimento gostoso que medrou com calor e afecto de quem com amor a soube amassar
E vacilo e a dúvida retoma… mas se não tiver tempo?
De abraçar, de beijar, de reencontrar …
Conhecer mundo, redescobrir a cidade e o país onde nasci
Mas que digo eu… deixai-me gritos indignados sei bem que são uma verdadeira ignomínia
À vossa afronta não cederei
Tenho em mim uma fúria de viver e neste meu frenesim habita a esperança e a fé
Acredito que a mente dos homens se abra e na complacência de Deus
Um dia esta epopeia de luta  irá vencer a praga destruidora
Aí, vou perseguir todos os sonhos adiados, sonhar outros nunca sonhados e despida de medo conquistá-los
Será mais um retalho de vida, da minha vida e de toda a humanidade que ficará nos caminhos da memória…
  Por ora... nas minhas palavras me aninho, esqueço o medo que à noite me estremece e de dia se desvanece arrepiando caminho
E atiro-me à vida com alma aconchegada

© Ana Sousa Simões

segunda-feira, 30 de março de 2020

Inimigo invisível...

Imagem da NET

Chegou sem convite ou pré-aviso...microscópico é o inimigo
e...  nossas vidas em suspenso deixou e o mundo parou...
não se vê mais riso de menino,  beijo de casal apaixonado ou abraço forte de amigo...
Há mortes sem funeral, baptizados adiados e casamentos reagendados...
Contensão é a palavra de ordem mas nada detém... o Covid...
e num espaço relâmpago, saltamos do exponencial para a fase de mitigação.
Sonhos cancelados... famílias separadas... empregos em suspensão...
Não há mais espectáculos,  os museus fecharam,  o futebol não rola mais a bola...
aos poucos, como que em efeito dominó tudo pára
e neste mundo fantasmagórico, numa rua deserta, deambula quem dá o corpo pela humanidade
num hoje sem saber se existe amanhã... estes "soldados" são verdadeiros  heróis...
Subitamente sobra-nos tempo e não sabemos o que fazer com ele
porque o medo apodera-se de nós e retira-nos... o tempo...
A economia está em cheque... e  todos sentirão o impacto
Aprendizagem e reflexão são necessárias
Nesta "guerra viral" não existe  príncipe ou mendigo...
Não mais racismo ou xenofobia, nem guerra de classes ou géneros.
O mundo mostrou-nos que somos todos irmãos.
Lá fora a  Primavera alheia à morte celebra a renovação
O planeta recupera  e espera por nós depois da pandemia.
E  o dia amanhecerá solarengo, brotando alegria.
E nós, não vencidos mas vencedores reorganizamos a VIDA.

© Ana Sousa Simões