Sinto-me só... sei que não o estou mas sinto-me
Minto... sei que não devo mas minto
Componho sucessivamente a máscara que vai descaindo
Invento alegrias, finjo sorrisos, mas em meu rosto correm lágrimas indesejáveis
Em noites mal dormidas, vagueia minha mente, sem rumo, em debandada confusão
Meus lábios se cerraram... e guardam a raiva, a tristeza, a saudade e segredos meus...
Meu corpo insubmisso se nega a levantar
Instável, caprichoso despreza meu desejar
Meus nervos não reagem... minhas forças minadas de dor, observam de camarote minha letargia
Bloqueando vida, à minha alma sequiosa de viver
E nesta demanda, vive aprisionado meu coração em espinhoso degredo
Adiando promessa admitidas... ainda assim não esquecidas
Excomungo meus ais e expulso augúrios para lá do sol posto
Certa que ... nem a morte quebrará este meu bem-querer carinhoso
Pergunto ao meu eu, envolto em gemidos
Por Deus... porque não sossegas?
Liberta-me esfaimado predador...Ainda que ha-ja trevas em meu redor
E seja minha glória comedida...
Permite-me viver!
© Ana Sousa Simões