Olhares & Sentidos
O doce divagar das palavras... Roçam carícias em imagens por mim cativadas...
Acerca de mim

- Ana Simões
- Sintra, Lisboa, Portugal
- Porque me apraz e somente porque me apraz... vou rabiscando palavras no meu modesto linguajar. Palavras que oscilam entre o mel e o fel podendo roçar a minha biografia, não será a narrativa da minha individualidade e ou, do meu sentir. São apenas os meus Rabiscos de Mel e Fel.
segunda-feira, 9 de junho de 2025
Doce Anestesia
sexta-feira, 18 de outubro de 2024
Aos sessenta e quatro anos
Seis décadas e mais quatro anos já passaram no calendário da vida
Histórias contadas em rugas marcadas
Sorriso que guardam memórias saradas
Emoções vividas algumas esquecidas
No olhar vago que ás vezes até brilha
Sessenta e quatro outonos de sonhos semeados
Alguns colhidos outros adiados
Em cada estação um recomeço
E sinto-me grata, tive mais do que mereço
Com passos mais lentos mas ainda com graça
Caminho a par com o tempo que passa
O meu velho amigo que está sempre comigo
E que venham mais anos, que venham mais dias
Que o futuro é farol que me ilumina
Nos trilhos da vida entre algias e alegrias
Lanço sonhos ao vento entre doces melodias
Nesta estrada da vida onde me sinto menina
E o presente é gratidão, é magia é paixão
É luz e sombra, é a esperança que me afina
A reta estrada e a fé que me guia
Pelos trilhos da vida
Onde minha alma caminha
© Ana Sousa Simões
quinta-feira, 25 de janeiro de 2024
Perdoei mas não esqueciA ausência de afetosA liberdade e os direitos renegadosAs noites em branco passadasCom olhos por lágrimas molhadosPerdoei mas não esqueciO covil onde viviO abuso, o insulto, o desamorO ser vil asqueroso, imundoQue pra sarjeta me endereçouPerdoei mas não esqueciAs palavras mudas pela noite caladaCaminhando sem mapaSem futuro na estradaSó, perdida, desabrigadaPerdoei mas não esqueci
© Ana Sousa Simões
sexta-feira, 12 de janeiro de 2024
Vontade de Escrever
À procura de um mote que me leve a escrever
Que na escrita eu forjo
O que quero ou não esquecer
O tempo passou e minha veia de versejar, o tempo levou
Já se foram os desejos insanos, desmedidos, proibidos, profanos
Já desisti de construir um futuro que a mim jamais pertenceu
Ainda que insaciada, desses anseios Minh 'alma já se esqueceu
Escrevia porque me doía um passado que me marcou
Almejando um futuro que a vida me tirou
Hoje vivo no presente
Ai de mim que feliz sou
Mas de escrever senti saudade
E saudosista eu sou
Convoquei a nostalgia que outrora me acompanhou
E à procura de um mote para escrever
Aqui eu estou.
© Ana Sousa Simões
terça-feira, 13 de outubro de 2020
Por Tempos de Pandemia, sinto-me!...
Sinto-me viajante de um tempo estagnado aprisionada num
presente cinza sem capacidade de enxergar o futuro
Mas o futuro nunca existiu! Oh triste ilusão a minha que
vivi projectando sonhos numa ilusória realidade…
Mas nada é tão meu como os meus sonhos e por isso de sonhar sinto
saudade
Sinto-me num meio termo de pavor e horror e não vivo,
sobrevivo
Deambulando sem capacidade de pensar
Passo ao largo, do que e de quem, me apraz e observo a vida
que de mim escapa fugaz
Por escassos períodos do dia ou nas noites que passo
acordada, sinto uma centelha de fé e esperança e aguardo pacientemente a abertura das fronteiras
que me barraram…as vivencias que me condicionaram… a liberdade que deixei de
ter e o ar, sem mordaça, que preciso de respirar.
Nos entremeios sinto uma inocente ilusão e antevejo; um
planeta cuidado, lagos cristalinos de um azul espalhado, um mar de corais multicores
enfeitado, a terra abunda arvores de frutos e cereais, as armas guardadas no
museu de horrores recorda tempos de outrora que mais ninguém almeja viver…
antevejo um mundo que desejo
E nesta minha alienação retorno à realidade, visto a roupagem de quem enfrenta uma batalha, aceito a mudança, deixo meus sonhos voarem em asas de esperança e de pé enfrento o inimigo invisível numa guerra que sei, eu Irei ganhar!
quarta-feira, 24 de junho de 2020
E se não houver tempo?...
segunda-feira, 30 de março de 2020
Inimigo invisível...
Imagem da NET
Chegou sem convite ou pré-aviso...microscópico é o inimigoe... nossas vidas em suspenso deixou e o mundo parou...
não se vê mais riso de menino, beijo de casal apaixonado ou abraço forte de amigo...
Há mortes sem funeral, baptizados adiados e casamentos reagendados...
Contensão é a palavra de ordem mas nada detém... o Covid...
e num espaço relâmpago, saltamos do exponencial para a fase de mitigação.
Sonhos cancelados... famílias separadas... empregos em suspensão...
Não há mais espectáculos, os museus fecharam, o futebol não rola mais a bola...
aos poucos, como que em efeito dominó tudo pára
e neste mundo fantasmagórico, numa rua deserta, deambula quem dá o corpo pela humanidade
num hoje sem saber se existe amanhã... estes "soldados" são verdadeiros heróis...
Subitamente sobra-nos tempo e não sabemos o que fazer com ele
porque o medo apodera-se de nós e retira-nos... o tempo...
A economia está em cheque... e todos sentirão o impacto
Aprendizagem e reflexão são necessárias
Nesta "guerra viral" não existe príncipe ou mendigo...
Não mais racismo ou xenofobia, nem guerra de classes ou géneros.
O mundo mostrou-nos que somos todos irmãos.
Lá fora a Primavera alheia à morte celebra a renovação
O planeta recupera e espera por nós depois da pandemia.
E o dia amanhecerá solarengo, brotando alegria.
E nós, não vencidos mas vencedores reorganizamos a VIDA.
© Ana Sousa Simões
terça-feira, 29 de maio de 2018
O passeio estava a terminar. Parque das Nações
O passeio estava a terminar, Óscar ia deitando um ultimo olhar a tudo que via, embora cansado encontrava-se num estado de euforia quase incontrolável, subindo muros, refrescando-se no repuxos de água que encontrava, saltitando de banco em banco alegremente chegámos ao Pavilhão do Conhecimento. Queria navegar por mares explorados por navegadores de outrora. Eu, de passo acelerado obrigava-o a acompanhar-me, o dia escurecia e estávamos longe de casa. Subitamente Óscar trepou para cima de um dos barcos, virei-me para o repreender mas nem me deu tempo.
_ Ana, olha um globo terrestre. Não fazia ideia de que sabia que estava perante um globo terrestre, sentei-me e perguntei-lhe.
Como sabes que é um globo terrestre? Fitando-me com ar de espanto respondeu.
_ Ora, é muito simples. o globo terrestre é uma esfera que representa o planeta que habitamos.A terra. Sabias que já na idade média existia o globo terrestre? Pois é, não foram os ocidentais a inventar esta forma de representação do nosso planeta, mas sim os chineses e os árabes. Mais tarde, com as expansões ultramarinas realizadas pela Europa, foi confirmada que a terra era redonda. Desde então o globo terrestre tornou-se um importante elemento de conhecimento para a navegação e cartografia.
_ sorri rendida, sentei-me a seu lado e permanecemos em silêncio cada qual em seus pensamentos
_Em que pensas Óscar? Não moveu uma farpa, seu olhar continuava fixo no cenário que tinha á sua frente. Interrompi aquele momento.
_ Muito bem menino, temos vinte minutos para apanhar o próximo comboio.
_ Não se levantou de livre vontade, é claro, coloquei-o na mala desejando que ninguém me observasse. Prometi-lhe que um dia o deixaria viajar sentado no comboio. Rendido perguntou.
_ Quando saímos de novo? Gostei tanto.
_ Não sei Óscar a vida é feita de momentos incertos. Vive o momento, só o agora importa.
A meio do caminho voltei a espreitar a mala, adormecera.
Pôr do sol no Parque das Nações.
Chegou estafado o Óscar, sentá-mo-nos observando o dia findar e enquanto o céu ganhava uma ténue cor amarelada proveniente do sol que se deitava escondido atrás das nuvens, expliquei-lhe como surgiu este espaço tão bonito e agradável de Lisboa.
_ Sabes Óscar, no ano de 1998, aconteceu neste espaço uma exposição mundial e foi muito importante para o nosso país e simultaneamente para a recuperação deste lugar que até então pouco mais era que um aterro sanitário e algumas industrias desactivadas. Hoje, mostrei-te um dos lados do parque mas muito ficou ainda por ver, talvez um dia regressemos e te possa mostrar o lado do parque Tejo e rio Trancão. adoro este lugar, sinto-o tal fénix renascido das cinzas...
Finalmente o passadiço. Parque das Nações
chegámos finalmente ao passadiço, percorre-mo-lo calmamente apreciando a paisagem, estávamos ambos cansados, creio que o Óscar um pouco mais do que eu pois o seu corpinho já dava sinais de desconjuntura, parecendo-me que mal já se aguentava de pé, decidi regressar, não fosse o Óscar sofrer alguma lesão nas articulações. Prometi-lhe que um dia regressar e faríamos o percurso todo. olhou para trás como que a analisar o esforço necessário mas acabou anuindo pela beleza do lugar.
Um pouco mais adiante... Parque das Nações
Óscar deparou-se com um pequeno lago e quis sentir e ver de perto como era a tal estrada espelhada... aproximou-se e ao ver o seu reflexo debruçou-se.
_Cuidado! não vá cair. Sabes, conta a lenda, que há muito tempo na antiga Grécia, existiu um belo rapaz de nome Narciso, filho do deus-rio Cephissus e da ninfa Leriope. Um dia, ao admirar a sua própria figura, enamorou.se se si mesmo e deixou-se ficar junto ao lago eternamente, contemplando-se.
Acabou por morrer e no seu lugar nasceu uma bonita flor branca de grande beleza a quem deram o nome de Narciso... a lenda é muito mais longa e há mais do que uma versão, mas agora vamos senão nunca mais fazemos a caminhada pela passadiço.
_ Parece o espelho lá de casa. Exclamou Óscar,
_ Sim, mas não é. O que faz reflectir a tua imagem e tudo em redor do lago são os raios de luz solar ao incidirem na superfície da água...anda que te vou mostrar outros reflexos.
E seguimos caminho.
Ainda pelo Parque das Nações
Seguimos na direcção sul, queria levar o Óscar a fazer uma caminhada pelo passadiço de madeira à beira Tejo, passando antes, pelo interior do Parque. E lá estava ele muito admirado com tudo que via.
_ O que é aquilo? perguntou-me.
_ Uma girafa, respondi.
_ Uma quê?
Lembrei-me que para Óscar tudo é novo.
_ Uma girafa é um ser que pertence ao reino animal. Diria que será um dos mais elegantes, se não o mais. As girafas não são brancas como esta que aqui estás a ver, não.. possuem o corpo coberto de pele toda ela coberta por manchas circulares. e queres saber mais algumas curiosidades sobre este animal?
_ Sim Ana, por favor. Ensinara o Óscar a pedir por favor e a dizer obrigado.
_ A girafa possui o maior pescoço dentro do reino animal. Mal precisa de dormir, vinte minutos diários é o bastante e não os dorme seguidos, vai cochichando ao longo do dia por breve momentos e dorme de pé. Também de pé é mamã e quando o filhote nasce dá logo uma queda de cerca de dois a três metros. A sua gestação dura cerca de quatorze meses e os filhotes à nascença já medem cerca de um metro e oitenta pesando entre quarente a cinco e sessenta e oito quilogramas.
São animais bastante rápidos, não obstante o seu tamanho,podendo atingir cerca de cinquenta e seis quilómetros por hora. são dóceis e simpáticos, a sua alimentação consiste especialmente de folhas que colhem da copa das árvores com a sua áspera e longa língua que mede 40 centímetros. No seu habitat vivem em grupo, maioritariamente, na região sul do continente africano. São muito altas medindo quase seis metros de altura, sendo que o pescoço pode chegar a medir cerca de três a quatro metros.
_ Então tenho de ir a África para as ver?
_ Pois, também gostaria de visitar o continente africano, mas é caro Óscar. Não! um dia levo-te a um lugar onde as poderás ver.
Lá vamos nós ao zoo.
Continuando pelo Parque das Nações
Para ele tudo era uma descoberta, um novo mundo. queria andar naquela estrada espelhada e tive de lhe explicar que aquela "estrada" era o rio Tejo que nasce em Espanha, e quiça um dia o levo ao nosso país vizinho. Contei-lhe como esta estrada maravilhosa foi importante para os nossos descobridores... como é grandioso o nosso lindo Tejo, sendo o terceiro mais extenso da península ibérica e que todos os rios correm para o mar...
Isto despertou no Óscar o desejo de conhecer o mar. Muito temos de viajar.
Em visita ao Parque das Nações
Ontem levei o Óscar ao parque das Nações. Fomos ambos passear e absorver aquela energia boa use o Tejo sempre transmite.
Começámos uma caminhada entre os 181 mastros das bandeiras que representam os cinco continentes. Foi, digamos, uma viagem ao mundo com um pouco de loucura à mistura. Eu esparramada no chão para conseguir esta perspectiva e o Óscar todo empolgado por ter saído à rua.
Aqui um jovem desconhecido meteu conversa comigo, um agradável diálogo de longos minutos que me souberam tão bem..
A vida é isto, um eterno encontro inesperado.
Silêncio
Hoje, eu e o Óscar, assistimos à obra prima de Scorsese "Silêncio" considerado um dos melhores filmes de 2016.
O filme aborda a história do cristianismos no Japão, quando no séc. XVII dois padres jesuítas viajam de Portugal até ao Japão em busca do seu mentor o padre Cristóvão Ferreira.
Os dois jovens padres sofrem horrores e testemunham a perseguição dos japoneses cristãos debaixo do regime de Xongonato.
Um dos jovens padres é morto e o segundo questiona-se pelo silêncio de Deus face ao sofrimentos de seus filhos...
Passaram-se quatro séculos e os conflitos por questões religiosas continuam, também eu me pergunto, ode está Deus.
O Óscar foi a Lisboa
Hoje o Óscar foi até Lisboa e, enquanto eu trabalhava ele apreciava a paisagem. E eu, observando esta micro-criatura olhando o mundo através das vidraças, sinto eterna gratidão.
As aventuras do Óscar
O Óscar é um amigalhaço cá de casa companheiro do tempo de faculdade do meu filho. Este ano irá acompanhar-me pelos diversos lugares onde me deslocar.
segunda-feira, 25 de setembro de 2017
Permite-me dizer não ...
sábado, 25 de março de 2017
O Duelo
Esqueci como se escreve...
Perdi a caneta e o papel e perdi-me com eles
E a dor de meu peito que com os mesmos desamarrava
Vive em mim aprisionada num sombrio degredo
Lesando meus nervos...
... minha ansiedade arruína e minha fraqueza domina
Esqueci como se escreve
À noite a insónia me acaricia e vou morrendo...
Nesta agonia voraz que não se contém
Quero lembrar de escrever
Penejar meus devaneios sem receios
Idealizar momentos mais ousados
Sentir-me livre num meu breve rabiscar
Permitir à caneta deambular no papel
Escrevendo versos de amor e dor entremeados
E que bailem em sintonia como dois enamorados
E eu ... no árido leito da saudade
Neste duelo abstracto
Expulso sem dó meus gemidos
Envolta no doce aroma da Primavera
Na caneta e no papel delírios fantasio
Que no despontar da alvorada
Esconde-se uma mulher de alegria fantasiada
© Ana Sousa Simões
quarta-feira, 8 de março de 2017
Dia da Mulher
Hoje o "Óscar" deixa o jornal para ler amanhã...
Abrevia o trabalho no "office "
Acelera o passo para apanhar o comboio mais cedo
Antecipa aquele encontro à muito agendado
Avia-se na florista mais próxima
Aprimora-se no seu visual
Ignora a Tv e o tele-jornal
Inspira-se e escreve um soneto
Atreve-se, arrisca-se e num gesto ousado rouba o beijo desejado
Hoje o Óscar relembra a sua meninice e recorda sua mãe suas irmãs, suas amigas de infância
Olhos nos olhos segue a musa que o conduz
E uma singela homenagem emerge a cada gesto
Nesta ligação perfeita honorifica a mulher
...
E a noite chega calma e o dia findou e se o Óscar se atrasou ?
Hoje o dia é tão abstracto...
Porque nós mulheres, musas por poetas e artistas eleitas
Somos mais que uma data difusa esquecida no calendário
Somos a fêmea que seduz e à loucura conduz
Donzela casta, envergonhada que espera sonhadora o canto da alvorada
A esposa rendida; a esposa amada, a mulher amiga... amante
Somos o abrigo o regaço, terra fértil a fermentar
Mente em rodopio, desvario...
A luz no final do túnel, abraço que deslumbra.
A filha, a mãe... o riso o pranto, o colo que aspiras...vida a acontecer
Páginas de um livro por ler ...alma e corpo intenso de Mulher...
Somos nós... Mulheres!
© Ana Sousa Simões